Autor: Adrian Forty
São Paulo, Cosac Naify, 2007
Não importa a cultura ou a época, sempre há consenso em determinado tempo/lugar sobre oque é um lar e o que nele deve conter. A adequação do design ao conceito de lar pode ser exemplificada pelas maquinas de costura, adaptadas em tamanho e aparência para que pudessem fazer parte do mobiliário familiar. Com o tempo e a grande aceitação do novo item, os fabricantes não se preocuparam mais em faze-las tao distintas das maquinas de costura industriais, de modo que foram fiando cada vez mais similares, apesar de os domésticos terem mantido maior numero de adornos dourados.
O lar como o conhecemos – um lugar privado de lazer e repouso foi criado pela revolução industrial uma vez que antes dela, a moradia era local destinado ao trabalho. A fabrica por sua natureza opressiva e regulatória estimulava as pessoa a manterem a vida privada segregada da vida profissional. Assim, o lar passou a ser repositório das virtudes negadas do mundo exterior.
Esse desejo de criação de um mundo “paralelo” no lar refletiu-se no design. Na decoração objetos espalhafatosos acumulavam-se nos lares vitorianos, na tentativa de fazer do lar um local macio aveludado e colorido. Anos após a era vitoriana surge o estilo High Tech, com acabamentos e moveis derivados de ambientes industriais. Porem o alcance do estilo restringe-se a parte da elite, uma vez que ate hoje a classe trabalhadora busca no design para o lar a antítese do trabalho.
Acasa era tida como reflexo da dona da casa, forçada ao ócio pelo sucesso financeiro do marido. Antes da década de 1860, a escolha da mobília era tarefa masculina, porem foi passando as mãos femininas para que estas pudessem canalizar seus dons femininos.
A ligação entre decoração da casa e a mulher passou a ser tao forte, eu aquela que não conseguisse expressar sua personalidade na decoração do lar era vista como pouco feminina ou ate mesmo sem caráter.
Com o passar dos anos o lar passou de lugar de beleza para lugar de eficiência e na década de 1870 o mobiliário sem função útil era considerados de mal gosto e substituído por peças de design mais simples, sobretudo pela influencia do renascimento religioso, do movimento “mobília de arte” e do estilo Queen Anne. O proposito geral dessa nova estética era diminuir o numero de moveis e cria mais espaço entre quartos e salas, dando ar de informalidade.
No seculo XX, estimou-se a segregação entre trabalho e lar, porem a sala de visitas perdeu espaço para a cozinha, reflexo da redução de empregados domésticos. As preocupações com a maternidade e a higiene substituíram a temática sobre costura e princípios cristãos do seculo XIX.
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